Amostra - A Herdeira - Volume 1

Prólogo     


“Era a terceira vez que Joseph olhava o relógio. Não podia conter sua ansiedade para colocar o plano em prática. A primeira parte já havia sido executada e aguardava a chegada do responsável pela continuação.
Levantou-se da sua poltrona confortável, ciente de que os quinze minutos insistiam em não passar rapidamente, e seguiu até seu bar particular. Serviu duas taças de vinho e, começou a saboreá-lo.
Não podia falhar de maneira nenhuma, não depois de esperar tanto tempo. Era como um jogo de xadrez em que todas as peças eram fundamentais para a vitória.
A pequena janela de vidro na porta do seu escritório o permitira avistar os cabelos loiros de Carolina. Ela parecia se aproximar e isso significava que seu convidado chegara.
O rapaz entrou pela sala e fechou a porta às suas costas. Não imaginava que ele fosse um matador de aluguel e menos ainda um expert no assunto. Mas devia ser realmente muito bom, afinal até Joseph tinha sido enganado por suas condutas. O jeito familiar e simpático escondia o lado negro interior. Os dois cumprimentaram-se e Joseph lhe ofereceu uma taça de vinho que fora recusada.
— Podemos ir direto aos negócios? – o matador de aluguel falara.
Deixando as cerimônias de lado, o homem de cabelos grisalhos e com idade para ser avô do profissional em sua sala seguiu até a escrivaninha. Imediatamente retirou umas fotografias e as espalhou sobre a mesa. Explicou que procurava uma pessoa há muitos anos, mas que jamais a conhecera e por isso não poderia descrevê-la, entretanto possuía algumas fotografias e algumas pistas. A missão do rapaz seria descobrir quem era essa pessoa, conquistar o meio ao seu redor e trazê-la para Joseph. Obviamente o matador de aluguel deduzira que suas intenções não eram as melhores, afinal, do contrário contrataria apenas um investigador.


— Não pense que está num mato sem cachorro. Tenho um nome: Kate Gricem. É ela quem eu quero.

Capítulo 1

  
A campainha tocava ininterruptamente e meu sono acabou perdendo a disputa. Será que mamãe não tinha ouvido?! Joguei os lençóis para o lado e quando cheguei ao corredor pude ver vovó entrando na sala. Estava muito tarde para ela estar passeando pelas ruas e calculei que alguma coisa estava errada. Comecei a descer os degraus, mas parei quando vi que mamãe não parecia feliz com a visita.
— Você tem que contar, filha. Prometa isso para mim. – vovó suplicava.
— Não, mamãe! É perigoso demais. Quero dar a ela uma chance de fugir disso.
— Você sabe que não há chance, Vânia.
— Não, mamãe. Você não deveria estar cobrando isso. Minha filha não será vítima dessa maldição. Desista disso. – minha mãe tentou ser firme em suas palavras apesar de serem perceptíveis as falhas em sua voz causadas pela tristeza em negar algo à vovó.
Escutei uns passos e eles ficavam cada vez mais próximos de onde eu estava. Caminhei sorrateiramente de volta ao quarto e me escondi debaixo dos lençóis fingindo estar dormindo. Não queria que elas soubessem que eu tinha espionado a conversa.
Alguém abriu a porta e passeou pelo quarto antes de agachar ao lado da minha cama. “Adeus, Kate”, vovó disse após me dar um doce beijo na testa. Estava muito difícil não demonstrar que eu estava acordadíssima, ainda mais porque, logo em seguida, ela empurrou algo para baixo do meu travesseiro. Virei para o lado oposto escondendo meu rosto. Ela não demorou muito a sair do quarto e fiquei livre para descobrir qual era o presente que me deixara. Um envelope amarelo?! Retirei o pequeno “J” (em referência ao seu nome: Júlia) que o lacrava e puxei o papel pardo.

Sua herança
Vai chegar.
Aceite a mudança
Quando 21 primaveras completar.
Y
S.D.

Repentinamente surgiu uma chama na ponta inferior do papel que foi o consumindo rapidamente. Só tive tempo para jogá-lo longe. O envelope também começou a queimar sobre os lençóis e, em segundos, as chamas se alastravam pelas roupas de cama. Droga!
Que coisa mais inexplicável! De onde tinha surgido aquele fogo e como ele estava aumentando tão apressadamente? Corri até o banheiro com a intenção de encher uma vasilha com água, mas...
O que as minhas irmãs faziam deitadas ali? Tinha alguma coisa muito errada porque nós não dividíamos o quarto há mais de dez anos. De qualquer maneira, eu tinha que acordá-las. Aproximei minha mão para sacudi-las, porém meu corpo atravessou o delas e os transformou em fumaças brancas. 
Corri para o banheiro, onde eu pretendia ir antes da distração, e retornei com um pote cheio de água. Só que o fogo já tinha alcançado o tapete e as cortinas. Queima de arquivo?!
Se fosse isso estava sendo bem eficiente porque queria queimar quem o lera também. Era mais fácil fugir com a minha mãe e deixar tudo para trás. Girei na direção da porta.
ONDE ESTAVA A PORTA DO MEU QUARTO?!
Não havia mais nenhuma saída do meu quarto. No lugar onde deveria estar a porta só havia parede. Comecei a bater minhas mãos contra o concreto tentando encontrar uma brecha ou fazer com que minha mãe me ouvisse. Por que isso estava acontecendo? Vovó jamais faria isso comigo!
 Continuei batendo com todas as forças que tinha e perdi a noção do tempo. Não sabia mais se tinha poucos minutos ou se já havia passado uma eternidade. A única coisa que eu sabia é que o fogo aumentava cada vez mais e já havia tomado parte do quarto. Sabia também que meu pulmão já estava bastante irritado por causa da fumaça e eu sentia dificuldade para respirar por causa da queimação. Sentei de frente para o lugar onde a porta deveria estar e continuei batendo um pouco mais fraco.
Foi então que repentinamente me senti sendo puxada para cima, pela cintura. Rapidamente a pessoa me colocou em seus braços e eu podia sentir a firmeza que aquele corpo tinha ao me segurar. Podia sentir, também, seus movimentos respiratórios e eles estavam bem agitados, assim como a sua respiração que era quente. Olhei para cima na tentativa de reconhecer quem era porque a única coisa que tinha certeza era de ser um homem. Lamentei o fato de estar tão escuro porque só consegui observar bem seus olhos azuis. Ou talvez só tivesse conseguido prestar atenção neles porque era algo muito diferente do que já tinha visto. Tão azuis como cristais ou como bolas de gude, aquelas mais claras e que são especiais e raras. E mais. Era como se fossem uma janela para a sua alma....."


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** Obra registrada na Biblioteca Nacional. Proibida a reprodução parcial ou total sem autorização escrita da autora. 

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